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quinta-feira, 22 de abril de 2010

MANEIRISMO


INTRODUÇÃO


Maneirismo é o nome empregado para designar as manifestações artísticas desde 1520, momento quando se inicia a crise do renascimento, até o início do século XVII. Todo esse período foi marcado por uma série de mudanças na Europa, que envolveram os movimentos religiosos reformistas e a consolidação do absolutismo em diversos pa
íses.
As guerras que envolveram a Itália e posteriormente a força da Inquisição irão determinar um grande êxodo de artistas e intelectuais em direção à outros países; "Os grandes impérios começam a se formar, e o homem já não é a principal e única medida do universo".

CARACTERÍSTICAS

Nesse sentido se perceberá que o maneirismo tem características variadas, difícil de reuni-las e um único conceito.
O termo Maneirismo foi utilizado por Giorgio Vasari para se referir a "maneira" de cada artista trabalhar. Uma evidente tendência para a estilização exagerada e um capricho nos detalhes começam a ser sua marca, extrapolando assim as rígidas linhas dos cânones clássicos.
Muitos críticos consideram que o maneirismo representa a oposição ao classicismo e ao mesmo tempo, manteve-se como tendência artística até o desenvolvimento do Barroco, que marcaria a nova visão artística da Igreja Católica, após o movimento de contra reforma Alguns historiadores o consideram uma transição entre o renascimento e o barroco, enquanto outros preferem vê-lo como um estilo propriamente dito.

Os artistas passam a criar uma arte caracterizada pela deformação das figuras e pela criação de figuras abstratas, onde não havia relação direta entre o tamanho da figura e sua importância na obra.

ARQUITETURA


"O Teatro Olímpico - Palladio - Vicenza, Itália"


A arquitetura maneirista dá prioridade à construção de igrejas de plano longitudinal, com espaços mais longos do que largos, com a cúpula principal sobre o transepto, deixando de lado as de plano centralizado, típicas do renascimento clássico. No entanto, pode-se dizer que as verdadeiras mudanças que este novo estilo introduz refletem-se não somente na construção em si, mas também na distribuição da luz e na decoração.

"Wollaton Hall - Robert Smythson - Nottingham - Grã Bretanha"


Naves escuras, iluminadas apenas de ângulos diferentes, coros com escadas em espiral, que na maior parte das vezes não levam a lugar nenhum, produzem uma atmosfera de rara singularidade. Guirlandas de frutas e flores, balaustradas povoadas de figuras caprichosas são a decoração mais característica desse estilo. Caracóis, conchas e volutas cobrem muros e altares, lembrando uma exuberante selva de pedra que confunde a vista.


"Galeria de Francisco I - Palácio de Fontainebleau - França"


Na arquitetura profana ocorre exatamente o mesmo fenômeno. Nos ricos palácios e casas de campo, as formas convexas que permitem o contraste entre luz e sombra prevalecem sobre o quadrado disciplinado do renascimento. A decoração de interiores ricamente adornada e os afrescos das abóbadas coroam esse caprichoso e refinado estilo, que, mais do que marcar a transição entre duas épocas, expressa a
necessidade de renovação.

ESCULTURA

Na escultura, o maneirismo segue o caminho traçado por Michelangelo: às formas clássicas soma-se o novo conceito intelectual da arte pela arte e o distanciamento da realidade. Em resumo, repetem-se as características da arquitetura e da pintura. Não faltam as formas caprichosas, as proporções estranhas, as superposições de planos, ou ainda o exagero nos detalhes, elementos que criam essa atmosfera de tensão tão característica do espírito maneirista.




Carlos V dominado por Furor - Leone Leoni - Museu do Prado - Madri


O espaço não é problema para os escultores maneiristas. A composição típica desse estilo apresenta um grupo de figuras dispostas umas sobre as outras, num equilíbrio aparentemente frágil, unidas por contorções extremadas (figura serpentinada) e exagerado alongamento dos músculos. A composição é definitivamente mais dinâmica que a renascentista, e as proporções da antigüidade já não são a única referência.



"Sepulcro de Catarina de Médicis - Abadia de Saint Denis - França


O modo de enlaçar as figuras, atribuindo-lhes uma infinidade de posturas impossíveis, permite que elas compartilhem a reduzida base que têm como cenário, isso sempre respeitando a composição geral da peça e a graciosidade de todo o conjunto. É dessa forma que o grande gênio da escultura, Giambologna, consegue representar, numa só cena, elementos iconográficos tão complicados como a de sua famosa obra O Rapto das Sabinas.


PINTURA

É na pintura que o espírito maneirista se manifesta em primeiro lugar. São os pintores da segunda década do século XV que, afastados dos cânones renascentistas, criam esse novo estilo, procurando deformar uma realidade que já não os satisfaz e tentando revalorizar a arte pela própria arte. Uma estética inteiramente original, distanciada dos cânones clássicos renascentistas, começa a se insinuar
dentro das novas obras pictóricas.

Cristo abraçado à cruz - El Greco - Museu do Prado


Pode-se tomar como exemplo uma composição em que uma multidão de figuras se comprime em espaços arquitetônicos reduzidos. O resultado é a formação de planos paralelos, completamente irreais, e uma atmosfera de tensão permanente. Nos corpos, as formas esguias e alongadas substituem os membros bem torneados do renascimento. Os músculos fazem agora contorções absolutamente impróprias para os seres humanos.

Rostos melancólicos e misteriosos surgem entre as vestes, de um drapeado minucioso e cores brilhantes. A luz se detém sobre objetos e figuras, produzindo sombras inadmissíveis. Os verdadeiros protagonistas do quadro já não se posicionam no centro da perspectiva, mas em algum ponto da arquitetura, onde o olho atento deve, não sem certa dificuldade, encontrá-lo. No entanto, a integração do conjunto é perfeita.

"A Primvera" - Giuseppe Arcimbaldo - Museu do Louvre

E é assim que, em sua última fase, a pintura maneirista, que começou como a expressão de uma crise artística e religiosa, chega a seu verdadeiro apogeu, pelas mãos dos grandes gênios da pintura veneziana do século XVI. A obra de El Greco merece destaque, já que, partindo de certos princípios maneiristas, ele acaba desenvolvendo um dos caminhos mais pessoais e únicos, que o transformam num curioso precursor da arte moderna.




El Greco - Biografia

As célebres figuras alongadas das quadros de El Greco, objeto de muitas polêmicas, e suas cenas religiosas revelam um pintar de grande espiritualidade e domínio técnico, com uma pincelada solta e livre aprendida em Veneza.
Domenikos Theotokopoulus, conhecido como El Greco, nasceu cm 1541 em Cândia, posteriormente Heracléia, na ilha grega de Creta, na época possessão veneziana. Há poucos dados sobre seus anos de formação. Na ilha pode conhecer a pintura bizantina de ícones, cujo estilo idealizado nunca esqueceria. Em 1560 mudou-se para Veneza, onde aprendeu com Ticiano a técnica da cor e da composição. Por volta de 1570 El Greco encontrava-se sob a proteção do Cardeal Alessandro Farnese, em Roma, onde estudou o tratamento do nu nas obras de Michelangelo. Seus primeiros quadros como "Cristo expulsando os vendilhões do Templo" (1560 - 1565)mostram já a assimilação da estética veneziana no que se refere à luz, ao colorido e à construção espacial.
Posteriormente, El Greco trocou a Itália pela Espanha, atraído pela construção do mosteiro do Escorial, perto de Toledo, que oferecia enorme possibilidades de trabalho aos pintores italianos. Em 1576 conheceu, em Madri, Jerónima de las Cuevas, com quem teria um filho. É no ano seguinte, ao se instalar em Toledo, cidade onde viveu o resto da vida e que ficou ligada a fama do pintor, que El Greco entra realmente para a história da arte. Toledo havia sido, até 1561, capital de grande prestígio e iniciara sua decadência com a mudança da corte para Madri. Logo surgiram as encomendas e El Greco pintou os retábulos da Igreja de Santo Domingo el Antiguo e "O espólio" (1577 - 1579) para a Catedral de Toledo. Para o Escorial realizou o famoso "Martírio de São Maurício e de sua legião tebana" (1580 - 82); suas deformações contrárias ao naturalismo clássico desagradaram Felipe II, o que provocou o afastamento de El Greco do núcleo de pintores da corte e sua completa reclusão em Toledo.
Sua posterior produção artística encaminhou-se em três direções: os retratos, onde procurou mostrar a vida interior dos personagens; a série de santos e apóstolos; e os quadros de cenas religiosas, nos quais mostrou um estilo particular, com figuras alongadas - que alguns críticos creditavam a um defeito de visão - composições assimétricas, formas serpenteantes, grande expressividade de cor e, sempre presente, uma enorme força espiritual.
Entre os retratos, pintou em torno de 1580 um dos mais conhecidos, "Homem com a mão no peito". Trata-se de um personagem melancólico e sereno, com grande expressividade no rosto e nas mãos, predominando os tons escuros. Entre 1586 e 1588 pintou seu quadro mais célebre, "Enterro do conde de Orgaz", para a Igreja de São Tomé, em Toledo, baseado em uma lenda toledana segundo a qual o próprio santo Agostinho e santo Estevão haviam comparecido ao enterro do senhor de Orgaz, virtuoso cavaleiro cristão. O quadro divide-se em duas cenas: uma terrena e outra divina.
Entre as séries religiosas de El Greco destaca-se a dos "Apostolados" (1602 - 05) para a sacristia da Catedral de Toledo. Morreu em 7 de abril de 1614.

Fonte: Barsa / Os textos sobre Arquitetura, Escultura e Pintura, foram retirados de Enciclopédia Multimídia da Arte Universal - AlphaBetum.

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